Feliz... Adaptado... Produtivo... Um pássaro numa gaiola a antibióticos...

terça-feira, março 24, 2009

Grande consumo

Aquando das necessárias deslocações periódicas a grandes lojas de serviço livre (vulgo supermercados), é constante indagar-me sobre questões existenciais que assolam a alma do mais comum mortal. Este tipo de passeios normalmente realizam-se em modo solitário, e tendo em conta que a auto-gratificação sexual em espaços públicos é considerado um crime pela maioria dos países europeus - aprendi da pior maneira – tive de a substituir pela menos entusiasmante arte de pensar na morte da bezerra*.

Enquanto me passeio pelos corredores, qual caçador indígena na procura de viveres que permitam alimentar a sua prole, tenho uma certa tendência para assumir um comportamento tipo lemingue, nunca parando ou voltando para trás. Passo pelos mesmos corredores dezenas de vezes, de forma a assegurar-me que não me esqueci de nada. Poderia parar e olhar, dirão uns, isso permitiria encontrar tudo à primeira, dirão outros, mas na minha mente distorcida está sempre toda a gente a olhar para mim, e como tal tenho que me mostrar decidido. Parar é morrer.

Ocorreu-me recentemente num destes percursos que enquanto não passarmos a caixa, nada do que temos no carrinho é mesmo nosso, na realidade apenas nos limitamos a mover coisas na loja. Tendo esse pensamento em mente (onde mais haveria de ser), da próxima vez que forem a um supermercado, encham 10 carrinhos e 15 cestos, deixem-nos algures nos corredores e fujam! Façam isto repetidamente, tenho alguma curiosidade em saber quanto tempo demora até vos darem uma sova.

Se estiverem com paciência, façam o exercício no Continente, no Modelo, no Pingo Doce, etc. e assim teremos um exercício comparativo sem interesse absolutamente nenhum.

* Força de expressão, nenhum animal foi magoado na elaboração deste disparate

quarta-feira, março 04, 2009

Ensaio sobre a discromatopsia

No admirável mundo do futebol profissional, ou mais exactamente no admirável mundo dos adeptos de futebol profissional, a relidade caracteriza-se por ser objectivamente... subjectiva. Não há dado concreto, não há fundamento ou justificação que consigam demover a fé inabalável dos fervorosos apoiantes do desporto maior deste nosso cantinho à beira-mar plantado.

Gestores, doutores e arquitectos; engenheiros, advogados e cientistas; taxistas, camionistas e alfarrobistas; juizes, agricultores, e afins; deseducados, técnicos e licenciados; graduados, mestrados e outros; QI baixo, alto, médio ou assim-assim... nada, nada conta quando o que está em questão é o clube do coração. O mais pacifico cidadão transforma-se numa fera tertuliana assim que a honra da sua dama é questionada. Desvairado, o adepto exerce o seu direito ao atraso mental, ao derrame cerebral e à estupidez crónica, e dando largas ao dicionário da Porto Editora e outros mais obscenos, o cérebro pára, a pulsação acelera e o debate começa.

Como um pequeno exemplo desta minha dissertação, temos por exemplo este pequeno artigo relativo à saude financeira dos ditos 3 grandes da nossa praça:


http://dn.sapo.pt/2009/03/03/desporto/contas_vermelho_anunciam_do_juizo_fi.html

Sem qualquer base cientifica, sem ter interpelado um único adepto, sem ter testado esta teoria de forma alguma, mas ainda assim tendo a certeza absoluta do que afirmo, desde já adianto que a interpretação do artigo irá necessariamente variar consoante a cor do adepto em questão, e com um rácio bastante considerável de "na minha opinião" afirmo que a opinião dos adeptos por clube serão as seguintes:

Portista: O Porto é o que está melhor. O Benfica está à beira da falência. Os jogadores do Sporting não valem nada.

Benfica:
O Benfica é o maior clube do mundo. O Porto são um bando de corruptos. Os jogadores do Sporting não valem nada.

Sporting:
Os jogadores do Sporting não valem nada.