quinta-feira, agosto 30, 2007
Almoço à portuguesa, Saramago Style
Entra o português num típico establecimento lusitano, ansioso por esgotar a sua hora de almoço num repasto à medida da sua meta psicológica de 10 euros por refeição, ou 2 contos na moeda antiga, o saudoso escudo. É nesta divagação, e após acomodar-se na sua mesa do costume, que é abordado pelo dedicado e disponível mâitre, ou empregado se optarmos por manter a toada nacionalista. Bom dia sr. Doutor, Bom dia. É por demais evidente que estes dois se conhecem, facilmente se conclui que este é cliente habitual. Então que vai ser hoje para o almocinho, Estou indeciso, que tal está o peixinho, Está fresquinho, acabadinho de pescar, Hum, pensando melhor vou para o bifinho, se possível com um ovinho, Com certeza, entretanto trago-lhe o pãozinho e a manteiguinha, Sim, sim, obrigadinho, e traga-me uma cervejinha fresquinha. Finda está a refeição, retorna o mâitre, ou empregado, ao local do crime, na terna expectativa de que a satisfação do cliente seja quão elevada possível, aumentando assim as suas probabilidades de avultada espórtula, ou gorja como lhe chama habitualmente. É contudo com ar desolado que se acerca do cliente, que como já sabemos ou é médico ou é licenciado. Então, ficou metade no pratinho, não gostou, não me diga que o bifinho não estava tenrinho, De facto não estava, era rijinho, e a faquinha também não era das melhores, pouco apta para o assalto à carninha, Ah, mas podia ter pedido outra faquinha, gostou ao menos das batatinhas, Estavam óptimas, trazia-me só o cafézinho e a continha, Com certeza, é só um segundinho. O português paga assim a sua conta, também chamada de a dolorosa, inclusive deixando generosa gorjeta, para gáudio do esforçado empregado. Preparando-se para sair, o cliente despede-se de uma forma que facilmente nos permite ter por certeza a nossa razoável suspeita de que este seria cliente habitual. Então até amanhã e obrigadinho, até amanhã e obrigadinho eu.
quarta-feira, agosto 29, 2007
Mood Killers - Parte 4: Os putos
São tempos de brandos costumes estes em que os tratados de pedopsiquiatria insistem em que a imposição de regras de educação deveria ser substítuida por uma discussão racional entre o adulto e a criança.
Condicionados pelo olhar reprovador da população, os paizinhos vêm-se assim impedidos de aplicar um correctivo de mão aberta na nalga dos seus rebentos - ou palmada no rabo, se preferirem. Longe vão os tempos da pedagogia da palmada, em que uma boa tapa nos glúteos acalmava a canalha miúda como nenhuma conversa racional é capaz.
Eis-nos então obrigados a aturar, nos restaurantes e restante locais públicos, esses racionais seres de 6 anos que, completamente alheios ao facto das suas vozes estridentes não serem propriamente uma sinfonia, se atiram para o chão a berrar e espernear até que sejam satisfeitas as suas exigências.Exactamente em que momento é que o compreensivo pai deverá abordar a adorável criancinha de forma a terem a tal discussão racional? Antes ou depois desta ficar rouca e todos os restantes seres vivos em redor surdos ou com sérias lesões na trompa de eustáquio?
Patologias associadas:
Comédia,
Espaço público,
Etiqueta,
Vida Social
terça-feira, agosto 14, 2007
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