segunda-feira, maio 29, 2006
Dura Lex, Sed Lex...
Sim, confesso, a capacidade de resposta não foi a melhor, e este assunto por esta altura já terá barbas. No entanto, o gap entre o dia do acontecimento e a publicação deste post, deve-se unicamente ao leque de emoções que vivi durante todo este processo.
Tal como meio Portugal, não pude deixar de rir ao ver o Nuno Gomes e o Petit em directo, muito inocentemente, a afirmar possuirem material pirata, inclusive filmes ainda não disponíveis para o grande público. Após pensar um pouco mais no assunto, o sentimento que se seguiu foi de alguma indignação advinda do facto destas duas personagens - que ganham num mês o que muitos não ganham numa vida - recorrerem à cópia ilegal.
Após estes dois sentimentos, ao qual se misturou uns pozinhos de sarcasmo e uns pinguinhos de ironia, fui presenteado com o sentimento de incredulidade ao saber que a FEVIP* resolveu agir, presenteando estes senhores com cópia originais de tudo o que possuiam em formato ilegal. Em troca exigiam apenas que os dois afirmassem em directo para a pequenada que pirataria é feio e não se faz. Fica por explicar como raio é que vão dar originais de filmes que ainda não estão disponíveis no mercado... mas enfim...
Não obstante, na sequência de todos estes sentimentos que me assaltaram ao longo destes dias, finalmente atingi a aceitação. É verdade, estou inteiramente de acordo com a FEVIP.
Como tal, mais informo, que também sou o feliz possuidor de cópias ilegais de tudo e mais alguma coisa: filmes, jogos, software, o que houver. Gostaria de saber para onde posso enviar a minha listinha, de forma a que estes possa ser subsituidos pelos seus originais.
E se quiserem, em troca, até posso berrar que a pirataria é crime...
* Federação de Editores de Videogramas
sábado, maio 27, 2006
Com peso e medida
À falta de verdadeiras lutas, a aparência pessoal parece ser o único objectivo que resta à sociedade do novo milénio. Com maior ou menor dificuldade, mais ou menos sacrifícios, vai sendo possível afirmar que a mulher portuguesa é no mínimo interessante.
Ainda assim, recentemente, estando eu numa fila de uma famosa cadeia de fast-food, não pude deixar de notar que na fila ao lado se encontrava uma rapariga cujo porte físico se encontrava em limiares muito próximo daquilo que a classe médica denomina de obesidade mórbida.
Eu diria que tendo em conta a quantidade de lípidos já acumulados, a última coisa que ela precisava era de um Super Menu Big Mac, acompanhado de umas batatas a escorrer óleo e de um Sunday de caramelo (por cima e por baixo) para a sobremesa.
Acaba por ser irónico que, após este menu hipercalórico, tenha rematado o seu pedido com uma Coca-Cola Light.
quarta-feira, maio 24, 2006
Sai mais um bitaite
Tão ou mais vulgar que o bitoque à portuguesa, só mesmo o bitaite à portuguesa.
Habituados a séculos de glória, o povo lusitano amadureceu mesquinho, como se acreditasse que a sua felicidade se encontra associada à desgraça alheia. Esta faceta muito própria deste nosso cantinho à beira-mar plantado, revela-se nas mais pequenas coisas e é possível observá-lo em todo o seu esplendor em tudo o que nos rodeia: dos telejornais aos transportes públicos, do canal HORECA* aos centros comerciais, do nosso quarto ao nosso escritório, do fundo do mar ao cume do Evereste; Fulano terá sempre a mais legitima das opiniões sobre o que faz/fez o Cicrano.
Curiosamente, é, normalmente, mais célere a enveredar pelo comentário mordaz aquele que menos seguro se mostra das suas capacidades, ao invés daquele que realmente demonstra alguma valia. Nem todos os Tugas serão assim, concerteza, no entanto é por demais evidente, à falta de capacidade para serem os melhores, o desespero de alguns para demonstrarem que não são necessariamente os piores.
Em jeito de conclusão, qualquer comentário negativo a este e qualquer outro post será encarado como um bitaite, e como tal ignorado com o mais profundo desprezo :D
* O canal HORECA é composto pela Hotelaria, Restauração e Cafés
domingo, maio 21, 2006
Está na SIC o mundial
Foi ontem transmitido em directo do Estádio do Jamor, em Oeiras, mais um record do Guiness à portuguesa. Não olvidados do sucesso obtido com o logótipo humano do Euro2004, resolvemos repetir a gracinha e convidar tudo o que é cidadã a formar em conjunto as cores da bandeira nacional.
Poder-se-ia opinar se não seria útil ver este tipo de mobilização para problemas reais da nossa sociedade que não o futebol, contudo vamos evitar a crítica fácil e congratular estas filhas da pátria pelo enorme esforço a que se propuseram.
Ao contrário do que se possa pensar, não me estou a referir às horas de fila que tiveram de suportar, não me refiro tampouco às horas de espera em pé no seu pedaço de relvado esperando que a bandeira se fosse formando, muito menos me refiro ao facto de terem conseguido não privar de oxigénio as hiper-activas “jornalistas” da Sic Mulher...
Acima de tudo, a minha gratidão por, em prol da minha bandeira (e 5 minutos de fama, vá lá) terem aceite ouvir durante 3 horas o inenarrável* jingle da SIC para o mundial da alemanha.
* por acaso já narrado pel’O Homem Duplicado a 12 de Abril de 2006
quinta-feira, maio 18, 2006
Sai de baixo
Creio que não irei ofender ninguém ao afirmar que o avião é uma das grandes invenções que revolucionaram o século XX. Não obstante, e em claro contraste com a evolução tecnológica que têm vindo a sofrer desde os tempos gloriosos de Santos Dumont e dos irmãos Wright, as medidas de segurança em caso de avaria e/ou erro humano aparentam ter estagnado antes do tempo.
Se se der o caso de nunca terem realizado uma travessia aérea, ficam desde já a saber que, antes de qualquer descolagem, as atenciosas hospedeiras - juntamente com o seu inseparável folheto - chamam a atenção para algumas normas de segurança indispensáveis à nossa sobrevivência no caso das coisas azedarem. Antes de tudo, é-nos suplicado nunca esquecer de colocar o cinto de segurança quando estamos sentados, sendo que este, ao contrário das sofisticadas peças de engenharia que utilizamos nos veículos terrestres, mais não é do que uma simples tira de pano, encontrando-se (normalmente) já em avançado estado de putrefacção. Além deste ponto vital, o garantir que as costas da cadeira estejam direitas na altura da descolagem e da aterragem é também um must, ao qual se juntam os coletes de salvação, as máscaras de oxigénio e as saídas de emergência.
Até aprecio a preocupação e o sofrível esforço das eloquentes assistentes de bordo, mas, e sem querer soar alarmista, tendo em conta que estamos a discorrer sobre um charuto voador que em caso de avaria tem o poder de sustentação de um calhau em queda livre, esqueçam lá essas mariquices e tragam-me o meu pára-quedas, s.f.f.
quarta-feira, maio 17, 2006
Iu ispique ingliche?
Recebi recentemente num email a seguinte piada:
Devido ao risco da gripe das aves, o Bush decidiu bombardear as Canárias e o Peru!
A piada per si já não é transcendente, mas o pior é a ignorância latente.
Se reflectirmos bem na matéria em discussão, se se desse o caso, o Bush iria bombardear, não as Canárias e o Peru mas sim, as Canárias e a Turquia.
Mais atenção da próxima vez, obrigado.
segunda-feira, maio 15, 2006
Está aberta a sessão
Como forma de protesto face à alteração de horário imposta pela 2: para a transmissão da hora e meia semanal do parlamento, os deputados optaram por não comparecer às filmagens, deixando a RTP com uma hora e meia de uma sala vazia.
Apesar das audiências deste programa se encontrarem algures no fundo de uma qualquer tabela estatística (inclusive cavando um orifício para descer mais um bocadinho), a 2: estará aparentemente com o coração nas mãos e a respirante ofegante para resolver a questão da forma mais célere possível.
No sentido de serenar os ânimos, sinto-me na obrigação de recordar que, tendo em conta o nº de deputados que costuma participar nestas sessões, pouca diferença se notou antes e depois do protesto...
sábado, maio 13, 2006
Coisa e tal
A mair adenda à nossa língua materna foi obra desta e da anterior geração. Acredito que nunca antes na história da evolução do ser humano foi possível criar uma palavra que definisse tudo e absolutamente nada.
Hoje em dia, é impossível conceber um discurso que não inclua a palavra coiso ou coisa como o substituto preferencial de um outro substantivo momentaneamente olvidado. Sendo assim, uma banal cavaqueira incluirá por certo, entre outras tiradas igualmente geniais: aquela coisa, ou aquele coiso, que serve para fazer coisas.
Com a conjugação deste substantivo é possível gerar o mais pragmático e eficaz dos discursos, o que muito auxílio teria dado a algumas das mais influentes figuras do passado.
Passando a citar alguns exemplos:
Jesus Cristo: Tomai e comei todos, este é o meu... coiso;
Lavoisier: Nada de cria, nada se perde: tudo se... coisa;
Newton: Caiu-me uma... coisa em cima da cabeça;
Arquimedes: COISA!!
Cavaco Silva: Nunca me engano e raramente tenho... coisas.
terça-feira, maio 09, 2006
Passa por cima, pá!!
Em declarações recentes, o ministro da Administração Interna veio a público afirmar que era necessário harmonizar critérios para medir a sinistralidade nas estradas portuguesas.
Ousando alvitrar sobre este parecer, quero acreditar que se em determinada estrada, curva e/ou acesso, contar os falecidos com os dedos de duas mãos (e quem sabe dos pés) deixou de ser de todo viável, então, do fundo da minha arguta perspicácia, permitam-me inferir que, porventura, não seja essencial o apoio da estatística para deduzir que é necessário fazer alguma coisa...
Não obstante, e em abono da verdade, diversos percalços rodoviários seriam evitados se, graças a esses dados, as nossas forças de segurança não estivessem ocupadas a fazer contas de cabeça.
sábado, maio 06, 2006
Allons infantes da patrie
O
Um traço comum da classe emigrante portuguesa é o facto de, quando retornam à sua terra natal para umas merecidas férias, apresentarem alguma relutância em abrir mão do dialecto da seu pátria de residência. Quem nunca escutou naquela pronúncia tão característica os supimpas apelos lançados às suas crias quando estas empreendem aventurar-se pela imensidade dos mares revoltos do nosso litoral:
- Jean Pierre, viens ici!! Ne pas m'inciter à aller après toi!
Inexplicável é o facto de após o 5º ou 6º apelo, o hábito resvale e o polido francês seja trocado por um abrupto:
- João Pedro, cabrão do caralho, vem cá imediatamente!!
Há coisas que nunca se perdem...
quinta-feira, maio 04, 2006
Freudiano
Angelina Jolie, referiu recentemente numa insuspeita revista da especialidade, que fazia tenção de amamentar o seu primogénito.
Estou em crer que são este tipo de comentários que restauram toda a credibilidade do Édipo.
terça-feira, maio 02, 2006
Duas salvas de palmas
A crescente taxa de desemprego e o ostracismo a que são sujeitos os nossos idosos, são duas questões importantes e urgentes com que a nossa sociedade está a lutar. Não obstante, é com grande prazer que apresento aqui dois casos demonstrativos do combate eficaz que está a ser feito por parte de uma conhecida instituição para combater estes dois flagelos sociais.
O primeiro case study é de um cidadão de nome Santana Lopes. Ora, este senhor encontrava-se no desemprego após ter sido demitido (ao que parece com justa causa) pelo seu anterior patrão, um tal de Jorge Sampaio, sendo que desde então não mais conseguiu arranjar ocupação profissional. Após leitura atenta de uma qualquer revista generalista, pude constatar que foi contratado como consultor em direito pela... EDP. Não sei dizer ao certo quantas lâmpadas mudou nos últimos anos mas (pelo que tenho visto nas capas da Lux e da Caras) nunca o vi curvado e, tendo em conta que a conta de electricidade é um peso gigantesco nos ombros do contribuinte, ele poderá concerteza ajudar a corrigir algumas posturas menos correctas. Uma salva de palmas para esta empresa de instituição pública pelo seu imenso esforço na luta contra o desemprego.
O segundo case study é de um tal de Santana Lopes. Este senhor fez toda uma carreira de funcionário público nas câmaras da Figueira da Foz e de Lisboa, além de uma curta passagem pelo anterior governo, tendo-se reformado recentemente. Com uns orgulhosos 50 anos e uma miserável reforma de 5.000 euros mensais, pouco mais tinha para se ocupar do que dividir o seu tempo entre as revistas cor-de-rosa e as raras festas (semana sim, semana não) dadas pelas tias de cascais. Qual Hiparco, Santana foi ostracizado, e o seu conhecimento de experiência feito, de quem já muito viu e ouviu, estava a ser pura e simplesmente desperdiçado. A EDP apercebeu-se desta situação e, assaz perspicaz, compreendeu que estava ali um homem que muito sabia dos seus assuntos e contratou-o enquanto consultor em direito. Santana pode assim encarar a sua reforma com outra paz de espirito, não só porque volta a sentir-se útil mas também porque pode acrescentar mais 5.000 euros mensais à sua reforma, o que será concerteza um auxílio indispensável para chegar ao final do mês. Uma salva de palmas para esta instituição de utilidade pública pelo imenso esforço junto dos nossos reformados.
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