Ainda a recuperar do trauma provocado pelas dublagens do Herbert Richards, desde já me assumo como apreciador de versões originais.
Fluente em Inglês devido a todo um bombardeamento da língua de Shakespeare a que fui submetido ao longo da minha vida, leitor em Francês derivado (não do leite mas) da extensa colecção de BD francófona que possuo, e maroto em Espanhol devido a extensa exposição aos documentários sobre o corpo humano transmitidos pelo canal 18, tenho a quase sobre-humana capacidade de conseguir acompanhar em simultâneo a verborreia oral e a tradução simultânea em forma de legenda sem perder o fio à meada.
Dito isto, e se é recorrente nos dias que correm que após um intenso dia de labuta me veja a apreciar uns momentos de relaxamento enquanto observo desinteressadamente a caixa mágica - marcado pelo alternar rítmico de canal, qual zombie que em busca da próxima refeição avança pela programação sem vontade própria, critério ou objectivo - seria de esperar que os profissionais da tradução visualizassem com um bocadinho mais de brio a obra que irá ser Camoneada (1).
É tal a atenção prestada na função e/ou conhecimento do Anglo-Saxonismo, que um simples telefonema se transforma num noivado, um comentário maroto numa mera observação, um pelotão de fuzilamento vira quartel de bombeiros, um monge dá em macaco e uma pista de bowling torna-se uma padaria (2).
Compreensivo e de perdão fácil, procuro ser justo nas minhas avaliações, contudo marco o limite com um tradutor que ao ver um encantador robot (ou robô) de nome R2-D2 (ou R2 para os amigos), não tem a largueza de espírito para alcançar que uma outra versão do mesmo robô (ou robot, funciona para os dois lados) dificilmente se chamaria Arfor (3)...
É a minha opinião, ainda que não concorde com ela.
(1) Passar para a língua de Camões;
(2) Um prémio a quem reproduzir as frases/palavras no seu original;
(3) Obviamente que é R4.
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