Feliz... Adaptado... Produtivo... Um pássaro numa gaiola a antibióticos...

quarta-feira, julho 23, 2008

Lost in translation - Episode I


Ainda a recuperar do trauma provocado pelas dublagens do Herbert Richards, desde já me assumo como apreciador de versões originais.

Fluente em Inglês devido a todo um bombardeamento da língua de Shakespeare a que fui submetido ao longo da minha vida, leitor em Francês derivado (não do leite mas) da extensa colecção de BD francófona que possuo, e maroto em Espanhol devido a extensa exposição aos documentários sobre o corpo humano transmitidos pelo canal 18, tenho a quase sobre-humana capacidade de conseguir acompanhar em simultâneo a verborreia oral e a tradução simultânea em forma de legenda sem perder o fio à meada.

Dito isto, e se é recorrente nos dias que correm que após um intenso dia de labuta me veja a apreciar uns momentos de relaxamento enquanto observo desinteressadamente a caixa mágica - marcado pelo alternar rítmico de canal, qual zombie que em busca da próxima refeição avança pela programação sem vontade própria, critério ou objectivo - seria de esperar que os profissionais da tradução visualizassem com um bocadinho mais de brio a obra que irá ser Camoneada (1).

É tal a atenção prestada na função e/ou conhecimento do Anglo-Saxonismo, que um simples telefonema se transforma num noivado, um comentário maroto numa mera observação, um pelotão de fuzilamento vira quartel de bombeiros, um monge dá em macaco e uma pista de bowling torna-se uma padaria (2).

Compreensivo e de perdão fácil, procuro ser justo nas minhas avaliações, contudo marco o limite com um tradutor que ao ver um encantador robot (ou robô) de nome R2-D2 (ou R2 para os amigos), não tem a largueza de espírito para alcançar que uma outra versão do mesmo robô (ou robot, funciona para os dois lados) dificilmente se chamaria Arfor (3)...

É a minha opinião, ainda que não concorde com ela.

(1) Passar para a língua de Camões;
(2) Um prémio a quem reproduzir as frases/palavras no seu original;
(3) Obviamente que é R4.


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terça-feira, julho 15, 2008

Dois a zero

Comunicado

A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD vem comunicar, nos termos e para os efeitos do art. 248º do Código dos Valores Mobiliários, ter sido informada da deliberação do Tribunal Arbitral do Desporto sobre os recursos apresentados pelo Sport Lisboa e Benfica Futebol, SAD e Vitória Sport Clube da decisão proferida a 13 de Junho de 2008 pelo Comité de Apelo da UEFA.

O Tribunal Arbitral do Desporto rejeitou os recursos interpostos.

Assim sendo, mantém-se a decisão do Júri de Apelo da UEFA que confirma a participação do FC Porto na edição 2008/09 da UEFA Champions League.
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quarta-feira, julho 09, 2008

Anal(ogias) dos nossos tempos

Vivemos numa época confusa, de incertezas e receios. Vivemos numa época em que olhando para trás sentimos que nunca ninguém tivera tanto, nunca alguém soubera tanto, e ainda assim sentimos que nunca ninguém se sentira tão insatisfeito. É nestes períodos traumáticos que é mais importante manter o olhar focado, ser pragmático e realista.

É precisamente por esse motivo que existem políticos. Ilustres seres, generoso e austeros, movidos apenas por um sentimento de sacríficio e entrega para com o bem comum. Entregamos a estes nobres cidadões tratar dos nossos haveres, convictos que estamos da sua imparcialidade e sentido do dever.

Obviamente, e porque o comum mortal dificilmente conseguirá alguma vez compreender a magnitude dos actos desta raça, precisamos por vezes que um postilhão nos troque por míudos o que realmente se passa dentro dos sagrados muros do parlamento.

Um excelente exemplo do supracitado é uma recente declaração de Paulo Portas, comparando o Primeiro-Ministro ao famigerado Xerife de Nottingham, deixando a entender que no meio desta analogia o ex-Ministro da Defesa seria o aclamado Robin dos Bosques.

Desengane-se a plebe ao considerar que com esta alegoria Portas pretende implicar que Socrates rouba o povo através de impostos injustos e para benefício próprio, nada de mais errado. O que Portas pretende afirmar é o seu íntimo desejo de andar de collants verdes a saltitar pelos prados juntamente com os seus alegres companheiros.

p.s. para os menos informados, saibam que Robin dos Bosques é um mítico herói inglês que se caracterizava por gostar de se vestir como o Peter Pan.
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