Feliz... Adaptado... Produtivo... Um pássaro numa gaiola a antibióticos...

quarta-feira, outubro 28, 2009

Vou dar uma volta

Diz que fazer um blog dá algum trabalho, e diz que o facto de passar o dia a falar com gente enfadonha e em inglês não ajuda muito à criatividade.

Sendo assim, vou dar uma volta a um outro blog, desta vez com ajuda de mais duas pessoas, e sob uma identidade secreta.

Passem por lá, e quem sabe, pode ser que me apeteça voltar aqui.

http://faxmatinal.blogspot.com/

segunda-feira, junho 08, 2009

No ano 2000

Diz quem percebe do assunto, e por perceber entendo quem fala de cor, de papo cheio e/ou realizadores de filmes e séries de culto, que o futuro irá trazer conformidade de agir, de vestir e sentir.

Considero-me um ser culto, informado e interessado pelo mundo em redor, digo isto porque papo tudo o que passa na televisão e em formato papel, desde que não sinta que vá acrescentar algo de útil à minha vida. Não perco portanto um minuto de qualquer programa da vida real, de qualquer discussão entre casais e acima de tudo, não perco um telejornal da TVI e uma edição do Correio da Manhã. Aprecio que me digam o que devo pensar, ao invés de me ter de esforçar para o fazer por mim próprio.

A realidade é que este manancial de informação permitiu-me perceber que é mais ou menos uma opinião concordante que no futuro que aí vem a humanidade obedecerá a estas três regras:

1. Vestirão todos de igual, qualquer coisa em preto, cinzento ou castanho, com uma pontada ou outra de cor no máximo;

2. Relações sexuais serão estritamente proibidas, sendo que a reprodução será qualquer coisa controlada para o bem de todos nós;

3. A vida será continuamente vigiada por um ser omnipresente de cuja existência apenas teremos a certeza quando já for tarde demais para arrependimentos.

Longe de mim avaliar se este tipo de vida será melhor, pior, maior, menor, alta, baixa, direita, esquerda ou assim-assim, mas quer-me parecer que há por aí gente que já leva uma grande vantagem em relação aos outros todos.


terça-feira, abril 28, 2009

A idade da inocência

Estou convicto que a idade ideal para namorar é até aos 12 anos.

Tendo dito isso, e tendo a convicção que uma grande parte dos leitores - que espantosamente se deram ao trabalho de ler uma frase que seja - já correram para as autoridades competentes para anunciar que o Fritzl chegou finalmente a terras Lusas, gostaria que os que ficaram me dessem uma ténue chance de me explicar.

É certo que há aqueles que amadurecem mais cedo, por exemplo os espermatozóides que originaram o Chuck Norris já tinham barba, e aquando do seu nascimento a primeira coisa a sair do ventre da sua mãe foi um pontapé voador que deixou K.O. a parteira. É certo que sim, mas a grande maioria da canalha míuda entra na idade da estupidez aos 13 anos (também conhecido como adolescência).

Até lá, as amizades são uma questão geográfica, ou seja: "Estás aqui, partilhas o meu espaço, só podemos ser amigos". Os amigos são os vizinhos ou toda e qualquer forma de vida que tenha doces ou brinquedos melhores que os nossos (a comida de cão e a terra dos vazos pode ser incluída neste grupo).

Na realidade, o processo de namoro não é muito diferente. A moça está no jardim, a brincar na relva ou no caixotinho de areia (não o do gato, mas aquele onde se fazem castelos). O moço aproxima-se, limpa o chocolate da boca com a manga esquerda, o ranho do nariz com a manga direita, aproxima-se devagarinho e prega uma lambada na jovem que tanto o atrai: parabéns, são agora um casal.

Após este período, a coisa complica-se. O cortejar de uma jovem implica conversa, saídas, jantares e bebidas. É preciso entretê-las, mostrar qualidades, mostrar que somos um bom partido *. A lambada é agora ilegal, a lambida mais vale nem ir por aí.


* Ocasionalmente é necessário guerrilhar com outros potenciais interessados... o último que se meteu comigo foi o Super-homem, quem perdesse tinha que andar com a roupa interior por fora das calças.

quinta-feira, abril 09, 2009

Dead man walking

No decorrer da vida profissional de um colarinho branco, parece ser bastante comum o utilizar de sapatos desconfortáveis. Conta a lenda* que isto se deve ao facto de a maioria padecer de empregos aborrecidos, casamentos pouco entusiasmantes e vidas deprimentes, e como tal vêm como ponto alto do seu dia-a-dia o momento em que tiram os sapatos dos pés.

Há uns meses valentes, quantos não sei ao certo, desempregado momentaneamente e por opção própria, resolvi dar uma passeata à Tailândia. Duas semanas, coisa pouca, onde palmilhei mais quilómetros a pé do que muitos carros com menos de 2 anos. Durante todo esse período usei ténis, esse calçado prodigioso, confortável e impermeável, cuja única pequena falha técnica consiste no facto de não permitir aos pés "respirar" como lhes convém.

O clima tropical aliado à marcha forçada fizeram o seu trabalho, tudo o que o pé suou, o ténis guardou com carinho. Passado estes meses, o odor corporal entranhou-se, deu-se às mil maravilhas com as fibras dos ténis, ficaram amigos e agora vão juntos a todo lado. Cresceu, mutou-se, tornou-se independente, tirou um curso superior e desconfio que em breve estará a caminho de um MBA. Há determinadas noites em que leva o meu carro sem pedir autorização, é reconhecido na vizinhança e irrita-me que tenha uma vida social mais interessante que a minha... se o virem por aí, digam-lhe que temos saudades e queremos que volte para casa.

*Costumava "Rezar a lenda", mas ficou chocada com os comentários do Papa sobre profiláticos...

domingo, abril 05, 2009

Lady boy

Ajudem-me, não sei se devo colocar uma etiqueta de "Desporto" ou de "Homossexualismo"...



terça-feira, março 24, 2009

Grande consumo

Aquando das necessárias deslocações periódicas a grandes lojas de serviço livre (vulgo supermercados), é constante indagar-me sobre questões existenciais que assolam a alma do mais comum mortal. Este tipo de passeios normalmente realizam-se em modo solitário, e tendo em conta que a auto-gratificação sexual em espaços públicos é considerado um crime pela maioria dos países europeus - aprendi da pior maneira – tive de a substituir pela menos entusiasmante arte de pensar na morte da bezerra*.

Enquanto me passeio pelos corredores, qual caçador indígena na procura de viveres que permitam alimentar a sua prole, tenho uma certa tendência para assumir um comportamento tipo lemingue, nunca parando ou voltando para trás. Passo pelos mesmos corredores dezenas de vezes, de forma a assegurar-me que não me esqueci de nada. Poderia parar e olhar, dirão uns, isso permitiria encontrar tudo à primeira, dirão outros, mas na minha mente distorcida está sempre toda a gente a olhar para mim, e como tal tenho que me mostrar decidido. Parar é morrer.

Ocorreu-me recentemente num destes percursos que enquanto não passarmos a caixa, nada do que temos no carrinho é mesmo nosso, na realidade apenas nos limitamos a mover coisas na loja. Tendo esse pensamento em mente (onde mais haveria de ser), da próxima vez que forem a um supermercado, encham 10 carrinhos e 15 cestos, deixem-nos algures nos corredores e fujam! Façam isto repetidamente, tenho alguma curiosidade em saber quanto tempo demora até vos darem uma sova.

Se estiverem com paciência, façam o exercício no Continente, no Modelo, no Pingo Doce, etc. e assim teremos um exercício comparativo sem interesse absolutamente nenhum.

* Força de expressão, nenhum animal foi magoado na elaboração deste disparate

quarta-feira, março 04, 2009

Ensaio sobre a discromatopsia

No admirável mundo do futebol profissional, ou mais exactamente no admirável mundo dos adeptos de futebol profissional, a relidade caracteriza-se por ser objectivamente... subjectiva. Não há dado concreto, não há fundamento ou justificação que consigam demover a fé inabalável dos fervorosos apoiantes do desporto maior deste nosso cantinho à beira-mar plantado.

Gestores, doutores e arquitectos; engenheiros, advogados e cientistas; taxistas, camionistas e alfarrobistas; juizes, agricultores, e afins; deseducados, técnicos e licenciados; graduados, mestrados e outros; QI baixo, alto, médio ou assim-assim... nada, nada conta quando o que está em questão é o clube do coração. O mais pacifico cidadão transforma-se numa fera tertuliana assim que a honra da sua dama é questionada. Desvairado, o adepto exerce o seu direito ao atraso mental, ao derrame cerebral e à estupidez crónica, e dando largas ao dicionário da Porto Editora e outros mais obscenos, o cérebro pára, a pulsação acelera e o debate começa.

Como um pequeno exemplo desta minha dissertação, temos por exemplo este pequeno artigo relativo à saude financeira dos ditos 3 grandes da nossa praça:


http://dn.sapo.pt/2009/03/03/desporto/contas_vermelho_anunciam_do_juizo_fi.html

Sem qualquer base cientifica, sem ter interpelado um único adepto, sem ter testado esta teoria de forma alguma, mas ainda assim tendo a certeza absoluta do que afirmo, desde já adianto que a interpretação do artigo irá necessariamente variar consoante a cor do adepto em questão, e com um rácio bastante considerável de "na minha opinião" afirmo que a opinião dos adeptos por clube serão as seguintes:

Portista: O Porto é o que está melhor. O Benfica está à beira da falência. Os jogadores do Sporting não valem nada.

Benfica:
O Benfica é o maior clube do mundo. O Porto são um bando de corruptos. Os jogadores do Sporting não valem nada.

Sporting:
Os jogadores do Sporting não valem nada.

terça-feira, fevereiro 10, 2009

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Lost in translation - Episode II

Sem querer de todo personalizar a questão, gostaria de começar por dizer que o quociente de inteligência da trupe de tradutores da Fox anda algures entre o de um retardado mental e o de um calhau da calçada.

Seguidamente, congratulem-se com o facto de que não irei (re)ocupar o vosso tempo auto-elogiando a minha proverbial capacidade para assimilar línguas estrangeiras (nomeadamente as do sexo feminino), muito menos irei flagelar os vossos ouvidos relatando a minha natural aptidão para o multi-tasking, neste caso o conseguir ler e ouvir em simultâneo.

Não obstante o acima referido, gostaria de vos dar a oportunidade de não deixar passar mais dois fenomenais specimens da arte de bem traduzir:

1º Caso - Grávida ou de baixa médica?

Original: The doctor doesn't want me to walk until I go into labour.

Tradução: O médico não quer que volte a andar até voltar ao trabalho.

2º Caso - Avaliações ou tamanho de sapatos:

Original: Toda a acção gira em redor do facto de a personagem central ter uma relação com alguém que é um 10, sendo que esta seria um 7. Obviamente, estamos a falar de uma avaliação do aspecto físico da pessoa, sendo tal facto evidente desde o 1º minuto e ao longo de várias cenas e diálogos.

Tradução: O tradutor resolveu assumir que se tratava do tamanho do... sapato! Este olhar criativo sobre a questão resulta em 20 minutos de puro nonsense em que inclusive a personagem fala com uma clínica de cirurgia estética sobre a possibilidade de aumentar o nº que calçava...

E com esta deixa vos deixo...

quarta-feira, janeiro 28, 2009

You shall (not) be missed

É um país de contrastes. A sua história, embora curta, é gloriosa e suficientemente recheada para ser motivo de orgulho para o seus habitantes e de certa forma para servir de exemplo ao chamado “mundo civilizado”.

É um país onde o capitalismo tem a palavra de ordem, onde querer ser o melhor não é considerado ser ganancioso e sim ser ambicioso, é um país onde o apoio social não existe e onde cada pessoa é o seu próprio sustento. É um país cruel dirão uns, é um país onde uma pessoa é recompensada pelo seu esforço e capacidades dirão outros. É a lei da selva, onde o mais forte sobrevive e quem se deixa ficar para trás é comido.
"Fake it until you make it"

É um ecossistema complexo que pensava ter adquirido a capacidade de se auto-regular, que não precisava de olhar para dentro.
Enganou-se…
Oito anos de Bush Júnior foram o suficiente para expor todas as fragilidades inerentes ao facto de ter um atrasado mental como Rei Leão.

Ano novo, vida nova. A manhã nasce nesta selva que é o mundo globalizado. Após terem sido expostas todas as fragilidades da economia tal como a conhecemos, após ter-se colocado o dito “mundo civilizado” à beira do abismo, eis que surge um ilustre desconhecido que se rodeou de velhos conhecidos.

O mundo acreditou e não votou em branco (passe a piada). O novo Rei Leão vem rodeado de uma aura de esperança e agora resta-nos acreditar que não seja apenas propaganda, e esperar que no final do seu mandato o resultado seja um bocadinho melhor do que este:

quarta-feira, janeiro 07, 2009

De pequenino...

Dirão porventura os mais exagerados que “é uma coisa que acontece a todos”, dirão os mais amáveis que “não é razão para preocupações, até porque toda a gente sabe”, dirão mesmo os mais optimistas, “até acaba por ser útil”, mas a grande verdade é que é uma experiência traumática.

Recordo-me vagamente de uma dessas sessões de natação, em que as meninas desfilam de maillot e os rapazes exibem orgulhosamente a sua tanguinha. Orgulhoso filho varão, galã e namoradeiro, tinha por objectivo impressionar a populaça feminina que se banhasse nas proximidades.

O verdadeiro artista sabe que há cenas podem fazer ou destruir um filme, e como tal, ousado por natureza, não dando ouvidos à razão que me recomendava que não me banhasse no frio gélido das águas tratadas a cloro, mergulhei e preparei-me para emergir qual pequeno Adónis, pronto para receber humildemente os elogios rasgados e sorrisos marotos do sexo fraco.

O deslumbre que planeava causar no sexo oposto, deu lugar ao terror que transpareceu na minha face, os elogios transformaram-se em comentários perniciosos, os sorrisos em gargalhadas maldosas. A água fria, tinha feito mais uma vítima.